Discurso do Secretário Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, sobre os resultados das eleições e os últimos desenvolvimentos, na quarta feira dia 18 de maio de 2022 no Canal da Televisão Al Manar
Redação do site
« O público garantiu uma rede de proteção política e popular para a Resistência e suas armas, durante as eleições legislativas, graças à sua massiva participação nas eleições legislativas e seu voto a favor dos deputados indicados pelo Hezbollah e seus aliados », é o que disse, nesta quarta-feira, 18 de maio, o Secretário-Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, durante um discurso sobre as eleições legislativas libanesas, feita no domingo, 15 de maio.
Sayed Nasrallah pediu ainda calma e cooperação entre os diferentes blocos parlamentares.
E para acrescentar: « Os resultados revelaram que nenhum partido obteve maioria parlamentar, isso talvez seja do interesse do povo libanês, para que todos os partidos políticos assumam seu papel e cooperem para resolver a crise economia e suprir as necessidades do povo ».
Os principais pontos de seu discurso:
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todos que participaram nas eleições legislativas e especialmente aos que votaram a favor da resistência e dos seus aliados em todos os círculos eleitorais. Gostaria também de agradecer a todas as famílias dos mártires, em particular as mães, aos feridos de guerra, aos idosos, homens e mulheres, aos doentes, aos religiosos, todas as máquinas eleitorais do Hezbollah, e todos os homens e mulheres por sua participação massiva ao legislativo, por sua sinceridade e amor…
Agradeço a Deus o amor do povo, assim como os quadros da resistência mobilizados (durante as atuais manobras israelenses) e que cumpriram duas missões em um dia: a proteção (do Líbano) e o voto da resistência.
Estendemos também os nossos agradecimentos a todas as partes oficiais, ao Chefe de Estado, ao Primeiro-Ministro, aos ministérios envolvidos, ao Exército Libanês, aos serviços de segurança, aos juízes, aos funcionários públicos e aos meios de comunicação credíveis.
No que diz respeito ao bloco de Lealdade à Resistência, gostaria de agradecer aos ex-deputados (não candidatos a estas eleições legislativas) Nawaf Moussaoui e Walid Soukariya, bem como ao deputado Anwar Jomaa por todos os esforços que têm feito ao serviço das pessoas.
Gostaria de saudar os novos deputados Yanal Solh, Melhem Houjiri, Raed Berro e Rami Abou Hamdan que trabalharão em prol do interesse do povo e do país.
Rede de Proteção da Resistência
Essa participação maciça no dia das eleições e os resultados obtidos pelo bloco Amal-Hezbollah enviam uma forte mensagem sobre o apego do povo à Resistência e suas armas, à fundação de um Estado justo, à solução das crises sociais e econômicas das quais o país sofre.
Digo com confiança que vocês, com essa votação, forneceram uma rede de proteção à Resistência e suas armas que constituíam um ponto de desafio e ameaça.
E isso, depois de três anos de propaganda direta contra a Resistência e suas armas, bem como contra seus aliados na mídia (pró-EUA e pró-saudita) e nas redes sociais, e o pagamento de 700 dólares por cada artigo escrito contra a existência da nossa Resistência.
E apesar das pressões econômicas e da criação das crises bancárias, lideradas por (o Secretário de Estado Adjunto para Assuntos do Oriente Médio dos Estados Unidos) David Shinker, cujos fatos ele admitiu.
Assistimos ao maior saque da história do Líbano, perpetrado pela maioria dos bancos e pela administração norte-americana, a saber: O saque dos fundos dos depositantes que causou uma grande catástrofe.
Apesar de toda a pressão e ameaças, sua participação massiva e entusiástica foi uma resposta forte. As pessoas esperaram horas e em filas antes de poderem entrar nas assembleias para votar.
Os resultados das eleições legislativas foram também uma resposta a todas as suas pressões. O mesmo vale para o número de eleitores a favor da Resistência, que aumentou em relação às eleições legislativas anteriores.
Que Deus te recompense…
Sem maioria no novo Parlamento
Se quisermos fazer uma primeira leitura da composição do novo parlamento, vemos que a Resistência e seus aliados gozam de forte presença no novo parlamento.
Estamos diante de um parlamento formado por blocos parlamentares e independentes, e hoje não há nenhum grupo político que tenha maioria parlamentar.
Nenhum grupo pode alegar que a maioria está com este ou aquele partido. Pelo contrário, há blocos políticos e independentes que mais tarde poderiam se juntar a este ou ao outro.
Pode ser do interesse do Líbano e do povo libanês que nenhum lado obtenha a maioria no Parlamento.
Nenhum grupo conseguirá resolver sozinho, ainda que obtenha a maioria, a dimensão da crise financeira e social do país, o desemprego, a alta do dólar e a desvalorização da moeda libanesa. Esta crise exige que todas as partes assumam suas responsabilidades.
Os resultados eleitorais confirmam isso. Os deputados devem trabalhar para tratar (todos esses arquivos) e salvar o país.
Abandonar suas responsabilidades seria uma traição de confiança e uma quebra de promessas de campanha.
Apelo à calma e cooperação
Apelamos ao apaziguamento das controvérsias mediáticas, estamos todos preocupados em aliviar as tensões, embora sempre haja alguns partidos pagos em dólares para praticar provocações e insultos um contra o outro.
As controvérsias não levarão à solução da crise, da qual sofrem o Líbano e outros países do mundo: o aumento do preço do combustível, do trigo, as consequências da guerra na Ucrânia.
Não podemos ficar discutindo, temos que cooperar e priorizar os arquivos referentes ao sofrimento das pessoas.
As crises só podem ser resolvidas com parceria e cooperação, longe das rivalidades.
Mentiras e intervenção das embaixadas dos EUA e da Arábia Saudita
Desde o início, o nosso desejo real e sério era realizar as eleições e conseguir as melhores eleições possíveis. Enquanto o outro lado acusou os três partidos, o Hezbollah, o Movimento Patriótico Livre (CPL) e o Movimento Amal, de querer impedir a realização das eleições legislativas. Se quiséssemos atrapalhar as eleições, teríamos atrapalhado.
Interromper as eleições foi uma das mentiras contadas contra a Resistência e seus aliados, e, portanto, acabou sendo falsa.
Eles recorreram à outra mentira: Como realizar eleições sob a presença de armas (da resistência). Essa mentira caiu em 2005 e 2009, quando seu campo obteve a maioria parlamentar na presença dessas armas.
Por que você e sua mídia comemoram os resultados das eleições legislativas há alguns dias. Quando o mentiroso ficará envergonhado?
Há outra mentira, a da ocupação iraniana do Líbano!
Testemunhamos uma intervenção americana durante essas eleições, listas eleitorais foram formadas dentro dos limites da Embaixada dos EUA. O embaixador dos EUA foi a algumas urnas. Os EUA gastaram muito dinheiro. É o mesmo para o embaixador saudita que era muito ativo, e andava de aldeia em aldeia enquanto distribuía bolsas (de dinheiro). No entanto, alguém viu o embaixador iraniano, ou qualquer um dos funcionários da embaixada iraniana no Líbano?
Onde está essa ocupação?
Mensagem fora e dentro
Gostaria de dirigir a minha palavra para todos tanto no Líbano ou no exterior. Não devemos confundir representatividade popular com número de deputados.
O sistema político e eleitoral libanês é sectário. Os 128 assentos parlamentares são divididos igualmente entre muçulmanos e cristãos. Os quinze círculos eleitorais também estão divididos em bases confessionais.
A lei eleitoral foi moldada de forma sectária e de acordo com os interesses de certos líderes políticos na época.
O número de deputados obtidos não reflete a vontade popular. Mas o que importa é a contagem do número de eleitores para esta ou aquela lista eleitoral.
A lei eleitoral mais justa seria tornar o Líbano um único eleitorado não-denominacional com representação proporcional, permitindo votos para jovens desde 18 anos.
O número de votos a favor das listas de fidelidade à Resistência em certos círculos eleitorais do Bekaa e do Sul – sem contar os de Beirute, Zahlé, Byblos e Baabada – ultrapassou 500.000 eleitores. Será que essas pessoas não expressam a vontade popular?
Apesar disso, ouvimos alguém (Fouad Siniora) apoiado pelas embaixadas, e que só conseguiu dois deputados, afirmar que o povo libanês abandonou o Hezbollah.
Evite slogans provocativos
Por fim, gostaria de dirigir-me aos jovens simpatizantes que celebram a nossa vitória, que evitem a provocação e optem pela calma, ao mesmo tempo em que ponham fim aos desfiles de moto perto de certos bairros e cidades de outras orientações.
Devemos abster-nos de usar tiros de alegria (fazendo tiros pelo ar, usando armas), porque é proibido no Islã, especialmente porque esses tiros perturbam e assustam as pessoas.
O mesmo vale para o slogan « Shi’a Shi’a » que alguns jovens entusiastas adotaram em resposta às provocações no centro de Beirute.
Este slogan é inadequado, provocativo, sectário e prejudicial aos muçulmanos xiitas.
Fonte: Al Manar