Discurso do Secretário Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah ,durante o sétimo dia da morte do Sheikh Hussein Kourani, no complexo do Imam Mojtaba, em Beirute 20 de setembro de 2019.
« Aqueles que tem uma economia de ‘vidro’ e cidades de ‘vidro’ devem se livrar da humilhação americana e acabar com a guerra contra o povo iemenita », disse na sexta-feira, 20 de setembro, O Secretário Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes.
Em uma cerimônia comemorativa da morte do proeminente clérigo religioso Sheikh Hussein Kurani, um dos fundadores da Resistência Islâmica no Líbano, Sayed Nasrallah relatou uma nova operação dos EUA para ordenhar a Arábia e os Emirados, depois da operação iemenita nas instalações de petróleo sauditas em Aramco . Nesse contexto, lamentou as posições internacionais dos ataques de Aramco, que revelaram que o petróleo é muito mais valioso que o sangue de iemenitas inocentes. « Os ataques da Aramco provam que o eixo da resistência pode ir muito longe em seus esforços de defesa ».
Em relação ao Líbano, ele reiterou o direito da resistência de enfrentar os drones israelenses, relatando um declínio no número de violações israelenses do espaço aéreo desde a última agressão contra os subúrbios do sul de Beirute, em agosto.
Quanto às eleições legislativas de Israel, o líder do Hezbollah mencionou; « Uma verdadeira crise de liderança na entidade sionista ». Netanyahu se comprometeu em vão com toda a agressão contra a Palestina, o Iraque e a Síria para garantir sua vitória. As eleições do Knesset confirmaram que a estrutura da entidade sionista sofre de fraqueza e desamparo, e ilustram que essa entidade começa a envelhecer.
Sayed Nasrallah também abordou a questão dos colaboradores do inimigo sionista e o retorno dos refugiados sírios.
Os principais pontos de seu discurso:
Antes de mais, gostaria de expressar minhas condolências à resistência, à família e aos amigos do Sheik Hussein Kurani.
O direito de abater drones israelenses
A respeito da conferência de imprensa organizada pelo Ministro da Defesa, forneceu detalhes das últimas agressões israelenses contra os subúrbios de Beirute. Reitero nossa rejeição a qualquer nova regra de engajamento com o inimigo israelense e continuaremos apegados às equações atuais. É nosso direito abater drones israelenses, esta questão está nas mãos dos combatentes no chão. Deve-se notar que, até hoje, vimos um declínio nas violações israelenses da soberania libanesa.
Agentes libaneses em Israel
A raiva dos ex-prisioneiros libaneses (nas prisões da ocupação) após o retorno ao comandante e executor da prisão de Khiam ao Líbano é sincera. É preciso ter cuidado com o processo errado ao lidar com o arquivo dos colaboradores com Israel. No registro de agentes libaneses trabalhando para Israel, quem cometeu crimes, matou, saqueou, estuprou deve ser punido com firmeza. O julgamento dos colaboradores faz parte dos trabalhos constantes do nosso país, principalmente entre as facções da resistência. Quem colaborou com o inimigo deve ser punido proporcionalmente ao seu crime. A Resistência sempre distinguiu entre colaboradores e seus familiares desde a ocupação israelense.
Aqueles que fugiram para a entidade sionista devem se render às autoridades libanesas se quiserem retornar ao Líbano.
Gostaria de lembrar aqui como a Resistência entregou os colaboradores no ano 2000 e não matou nenhum deles. A Resistência agiu de acordo com suas crenças religiosas e entregou os colaboradores ao Exército Libanês. Por outro lado, na época da resistência francesa, esta matou sem julgamento mais de 10 mil franceses por colaboração com os nazistas.
A questão da prescrição do julgamento dos agentes deve ser objeto de debate legal, principalmente no que diz respeito aos que as mãos estão sujas do sangue de inocentes.
Apoiamos o retorno de todos aqueles que fugiram para Israel, mas como parte de um mecanismo legal depois de se render à inteligência do Exército Libanês. E isso, para garantir que essas pessoas não fossem recrutadas pelo inimigo sionista.
Aqui abro um parêntese, para exortar os internautas a desconfiarem das tentativas de alguns que criaram uma brecha entre o exército e os defensores da resistência.
O retorno dos refugiados sírios a Qousseir
Na questão dos refugiados sírios, apoiamos o retorno das pessoas da região de Qousseir.
Abrimos o caminho para o retorno de todos os moradores da cidade de Qousseir e das aldeias vizinhas, em concerto com o governo sírio.
O Hezbollah está disposto a fornecer a assistência necessária para facilitar o retorno dos habitantes de Qousseir.
Isso esconde os rumores de uma mudança demográfica ao longo da fronteira síria com o Líbano. Eu chamo novamente para caminhar nas áreas de Zabadani e Qalamoun para garantir a segurança nessas regiões.
Eleições israelenses, crise de liderança:
Quanto às eleições israelenses, Netanyahu não poupou oportunidade para garantir sua vitória. Ele liderou ataques ao Hashd Chaabi no Iraque, Gaza e Cisjordânia, levantando a voz contra o Irã, tentando mudar as regras do engajamento no Líbano. Mas ele não conseguiu obter a maioria necessária para formar o governo, apesar do apoio sem precedentes dos Estados Unidos.
Existe uma crise real de liderança na entidade sionista, além de uma crise de confiança. As eleições do Knesset confirmam que a estrutura da entidade sionista sofre de fraqueza e desamparo e ilustra que essa entidade está começando a envelhecer.
Não estamos preocupados, de forma alguma, com a pessoa que ganhará o cargo de primeiro ministro, já que as políticas de Israel são todas hostis aos palestinos e aos árabes.
Um conselho para Riyad e Abu Dhabi:
O bombardeio das instalações petrolíferas sauditas em Aramco pelas forças iemenitas (Exército + Ansaru Allah) abalou a região e teve um grande impacto no cenário internacional.
Infelizmente, posições internacionais após os ataques da Aramco mostraram quanto o petróleo é mais valioso do que o sangue das vítimas do Iêmen.
Ninguém foi morto ou ferido como resultado desses ataques, pois causaram apenas danos materiais. A operação da Aramco intervém, quase cinco anos após a guerra contra o Iêmen, e as incursões diárias da coalizão entre a Arabia e os Emirados Árabes Unidos contra o povo iemenita, os mercados, as escolas e as casas. Todos esses assassinatos não abalaram o mundo, nem a ONU, nem os EUA. Que eles pelo menos expressem sua solidariedade com o povo oprimido e faminto do Iêmen.
Hoje não quero levantar minha voz contra a Arábia Saudita, como normalmente faço. Quero aconselhá-la: O que este país pode fazer para proteger suas instalações de petróleo em vez de gastar dinheiro para comprar novos sistemas de defesa antimísseis em uma grande área do reino. Eles precisam escolher a opção mais barata. Aconselho a Arábia Saudita e aos Emirados Árabes a encerrar a guerra contra o povo iemenita e, portanto, se livraram da humilhação americana contra eles.
Há um novo processo americano para ordenhar os países do Golfo. Trump não se importa e ‘fala isso e outra aquilo’. Ele vai dizer à Arábia Saudita: « Se você quer que eu o ajude, você deve pagar com dinheiro ».
Portanto, é melhor evitar essa humilhação. Desista da guerra com Iêmen e deixe os iemenitas em paz.
O eixo da resistência possui uma força de ataque muito forte. Os ataques da Aramco provam que esse eixo pode ir muito longe em seus esforços de defesa.
Trump aposta e pede uma reunião com o presidente iraniano Hassan Rohani.
Meu conselho é revisar seus cálculos, a guerra contra o Irã não é uma boa escolha. O governo Trump será destruído.
Todos os tambores de guerra contra o Irã não mexem com a barba de um oficial iraniano.
Para salvar sua economia de ‘vidro’ e as cidades de ‘vidro’ dos Emirados, é melhor terminar a guerra contra o Iêmen.
Source: AlManar